Vale a pena ter o próprio sistema solar mesmo depois da "taxação do sol"
Se você chegou aqui você está querendo saber se depois da lei 14.300, a conhecida como taxação do sol, ainda está valendo a pena ter o seu próprio sistema solar fotovoltaico, certo?
Bom vem comigo e tire as suas próprias conclusões.
Mas antes de começar, você realmente sabe o que é energia solar fotovoltaica?
O sistema solar fotovoltaico é uma usina de energia! Isso mesmo, uma usina de energia que está em cima de você.
E o sistema solar fotovoltaico tem como combustível a radiação solar, ou seja, ele depende da radiação do sol para funcionar.
Os módulos fotovoltaicos, popularmente conhecidos como placas solares, são os grandes responsáveis por transformar a radiação do sol em energia elétrica.
Essa energia gerada é enviada para um outro equipamento chamado inversor.
O módulo fotovoltaico é o coração do sistema e o inversor é o cérebro do sistema solar.
O inversor é responsável por transformar a energia do sol em energia para o nosso consumo e sincronizar a energia que você gera com a energia que está vindo da rede elétrica.
Agora que você já conhece ou revisou os 2 principais componentes do seu sistema solar fotovoltaico vamos entrar um pouco na parte de como o sistema solar pode te beneficiar.
Quais são os componentes da conta de luz?
Hoje recebemos a nossa conta de luz todos os meses, mas você sabe o que você está pagando??
Nós pagamos hoje 2 componentes da tarifa de energia. Uma é a tarifa de energia (TE) e a outra é a tarifa do uso do sistema de distribuição (TUSD).
A TE é a parcela referente aos custos de geração de energia e a TUSD é a parcela referente aos custos de transporte e distribuição da energia.
Se quiser se aprofundar mais, basta clicar neste link.
Hoje a TE é, segundo as concessionárias de energia, 100% direcionada para as geradoras de energia.
Já em relação a TUSD 15% são relacionados a transmissão de energia e o restante para a distribuição de energia.
Dentro dessa parcela existem diversos componentes e um deles é o conhecido como fio B.
O que é esse fio B?
A TUSD fio B é o valor referente aos custos de manutenção, operação e utilização da infraestrutura de distribuição de energia.
Agora que você já sabe o que é o fio B e as grandes componentes da nossa tarifa de energia vou te explicar as regras para nós gerarmos a nossa própria energia com a energia solar fotovoltaica.
Tudo começou lá em 2012 com a Resolução normativa 482 que trouxe pela primeira vez a possibilidade de instalarmos a nossa própria usina de energia.
São mais de 11 anos de expansão desse incrível mercado que continua crescendo cada dia mais, porém em Janeiro de 2022 foi aprovado a Lei 14.300.
E o artigo 27 da lei 14.300 traz o seguinte:
“Art. 27. O faturamento de energia das unidades participantes do SCEE não abrangidas pelo art. 26 desta Lei deve considerar a incidência sobre toda a energia elétrica ativa compensada dos seguintes percentuais das componentes tarifárias relativas à remuneração dos ativos do serviço de distribuição, à quota de reintegração regulatória (depreciação) dos ativos de distribuição e ao custo de operação e manutenção do serviço de distribuição:
I – 15% (quinze por cento) a partir de 2023;
II – 30% (trinta por cento) a partir de 2024;
III – 45% (quarenta e cinco por cento) a partir de 2025;
IV – 60% (sessenta por cento) a partir de 2026;
V – 75% (setenta e cinco por cento) a partir de 2027;
VI – 90% (noventa por cento) a partir de 2028;
VII – a regra disposta no art. 17 desta Lei a partir de 2029.”
Meio complexo, não é mesmo? Fica tranquilo que vou te explicar.
A parte que diz” energia elétrica ativa compensada” quer dizer que toda energia elétrica gerada pelo seu sistema solar fotovoltaica que foi enviado para a rede elétrica e depois consumida é a energia elétrica compensada.
E um ponto que temos que ficar atentos é que não é toda energia gerada no seu sistema solar que vai para rede elétrica.
Isso acontece por existe o que chamamos de simultaneidade, que basicamente é o consumo imediato da energia elétrica gerada no seu sistema solar fotovoltaico sem passar pelo medidor de energia.
E essa segunda parte que diz “remuneração dos ativos do serviço de distribuição, à quota de reintegração regulatória (depreciação) dos ativos de distribuição e ao custo de operação e manutenção do serviço de distribuição” aqui é a TUSD Fio B.
Portanto até aqui você já entendeu que o valor da TUSD Fio B será cobrado referente a toda energia que foi injetada na rede elétrica e posteriormente consumida.
Exemplo: Se você injetar na rede elétrica 100kWh e apenas consumir 50 kWh, o fio B será cobrado apenas sobre o valor dos 50kWh e o restante fica como crédito para ser consumido nos próximos 60 meses.
E esse valor vai aumentando conforme os anos vão passando.
Então quem instalar o sistema a partir de Janeiro de2023 irá pagar 15% referente a TUSD Fio B em 2023.
Já em 2024 será 30% da TUSD fio B e assim por diante, até que em 2029 será 100% da TUSD Fio B.
Mas quanto é o valor da TUSD Fio B?
Para efeito de cálculo vou considerar um consumidor residencial convencional conectado na ENEL SP.
Como podemos observar o custo de energia para este consumidor da TUSD é de R$ 0,36683 por kWh e a TE R$ 0,28227 por kWh
Entrando no detalhamento da tarifa de energia da ENEL SP nós encontramos o valor da TUSD Fio B.
Ou seja, a TUSD Fio B possui o valor de R$ 0,20269 por cada kWh consumido.
Com estes dados nós conseguimos ver que o valor da tarifa de energia em São Paulo é de R$ 0,6491 e a TUSD Fio B representa 31,22% da nossa conta de luz.
Todos estes dados estão disponíveis no site da ANEEL.
Vamos para um exemplo prático para facilitar ainda mais o nosso entendimento.
Considerando que temos um consumo residencial no valor de 500 kWh por mês que paga o valor da tarifa de R$ 0,6491 por cada kWh consumido.
Esse consumidor está conectado de forma trifásica.
Então este consumidor gasta por mês o valor de R$ 324,55.
Este consumidor decidiu colocar o próprio sistema solar fotovoltaico no ano de 2022, portanto ele não paga o valor do fio B.
Ele continua consumindo 500 kWh por mês porém o sistema solar está gerando 400 kWh por mês.
Nesse cenário fica faltando pagar 100 kWh por mês (500 kWh de consumo menos 400 kWh de geração de energia).
Os 100 kWh na sua conta de luz será de R$ 64,91 por mês ou seja, uma economia de 80% na conta de luz.
Agora se ele instalou o sistema solar fotovoltaico no ano de 2023, qual será a conta de luz, considerando o fio B?
Considerando o fio B e gerando 400 kWh por mês a conta dele passaria de R$ 324,55 para o valor de R$ 77,07, ou seja, uma economia de 77% na conta de luz.
Para estes cálculos eu não considerei os impostos e foi considerado uma casa com conexão trifásica e 0% de simultaneidade.
Agora se mudarmos um pouco o cenário para uma casa com conexão monofásica e com 30% de simultaneidade teremos o seguinte resultado.
Por causa do tipo de conexão ser monofásica o consumo mínimo é equivalente a 30 kWh/mês.
E a simultaneidade diz que 30% da energia que foi gerada no sistema vai ser consumida de forma instantânea.
Considerando uma geração de 470 kWh por mês com 30% de simultaneidade temos um consumo instantâneo de 141 kWh (470*0,30).
Com isso dos 500 kWh consumidos, 141 kWh foram consumidos instantaneamente, ou seja, cai de 500 para 359 kWh.
Lembrando que o custo do Fio B é de R$ 0,20 por cada kWh consumido e como o Fio B é aplicado a energia que não é consumida de forma instantânea.
Temos o valor no ano de 2023 de 15% do fio B = R$ 0,03 por cada kWh consumido.
Então o valor do Fio B nos 359 kWh consumidos da rede equivalem a R$ 10,77
Portanto o valor da conta de luz hoje, em 2023, com o Fio B seria de R$ 19,50, – referente ao custo de disponibilidade – mais o valor do fio B de R$ 10,77.
Então uma conta de luz que seria de R$ 325,00 passaria a ser de R$ 30,27, ou seja, uma economia de 93% na conta de luz.
Agora me fala, vale a pena ou não ter o próprio sistema solar fotovoltaico em 2023?